quarta-feira, 14 de setembro de 2011

360: O Filme que marca a estréia de Maria Flor em Hollywood.

"360" é um filme dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles, o mesmo que dirigiu "Cidade de Deus", e conta com atores consagrados como Anthony Hopkins, Jude Law, Rachel Weisz, Ben Foster e a nossa atriz Maria Flor. Recentemente entrei no blog do filme 360 e li um post bem interessante, nele o autor fala do poder de atuação de Maria Flor com os atores estrangeiros, e a emoção e entrega dela nas cenas. Leia o texto abaixo.




" Quando um ator faz uma cena com outro ator, em inglês, diz-se que fulano is "playing against" sicrano. Na verdade, usamos a mesma expressão em português, mas ‘contracenar' não parece uma expressão tão competitiva. Há mesmo uma espécie de luta entre dois atores em cena, como se estivessem brigando para ver quem rouba a cena. Talvez não devessse ser assim, mas esta profissão tem mais relação com uma corrida de obstáculos, ou com uma luta livre, do que se imagina. Sempre pode haver um vencedor e um perdedor. Ser humano não tem jeito. É o que somos.

Visto por este ângulo, me impressionou a tranquilidade com que a Maria Flor embarcou neste seu primeiro projeto falado em inglês. Não estar trabalhando em sua mátria, como diria o poeta, é como entrar numa raia onde sua posição de largada está 10 metros atrás do outro ator "contra" quem se vai atuar. Quando este outro ator é um medalhista, então, a coisa fica mais difícil ainda. Mas a Flor foi valente e enfrentou 16 páginas com Antony Hopkins, ou com Ben Foster, bravamente e se saiu bem. Muito bem!

Não bastassem as dificuldades expostas acima, ainda houveram outros obstáculos para ela. Como já contei aqui, Ben Foster não quis conhecer a Maria Flor antes de rodar suas cenas com ela, pois seus personagens também não se conheciam. A primeira cena rodada juntos foi praticamente o primeiro encontro dos dois atores. Eles haviam dito boa-noite uma semana antes, e só. Para complicar ainda mais a vida da atriz, combinei que rodaria só a primeira parte desta primeira cena entre eles, mas na traição, pedi para o Ben entrar em quadro e continuasse a cena surpreendendo-a com o encontro inesperado, assim como acontece na história. Reconheço que a idéia de surpreendê-la foi meio tola, uma vez que ambos são bons atores e poderiam facilmente interpretar a surpresa, mas o fato é que funcionou. Rodamos outras tomadas depois desta experiência estabanada, mas acho que a eletricidade do encontro está mesmo naquele primeiro ‘take’. A montagem dirá.

Neste dia, a sequência toda da Flor com o Ben Foster foi meio rodada como um jogo. Na continuação desta mesma cena, também sem avisá-la, Ben levantou-se de sua cadeira e pediu que ela trocasse de lugar com ele. Ela não entendeu o que estava acontecendo, assim como a sua personagem não deveria entender este pedido estranho, que nem estava no roteiro, mas entrou no jogo, acatou a ordem e nunca perdeu o texto, nem saiu do personagem. Simplesmente saiu tocando a bola como um Neymar. Na terceira parte da cena foi a vez dela surpreendê-lo. Ela me pediu para não cortar a câmera onde estava previsto e deixá-la tocar o diálogo sem ele saber. Ben percebeu logo a jogada e embarcou sem vacilar. Ambos estavam tão dentro dos seus personagens que só mesmo o grito de corta, como uma estalada do dedo de um hipnotizador, conseguia tirá-los daquele mundo onde estavam. Me envolvi tanto com a tensão e as variações de climas que eles traziam em cada tomada, que quando vi já havíamos rodado quase 3 horas de material com as duas câmeras. Para uma cena de uns 3 ou 4 minutos isso é bem ridículo, reconheço.

Na semana seguinte foram as cenas da Flor com Anthony Hopkins. Aí não houveram surpresas, mas a dificuldade da Flor talvez tenha sido ainda maior pois Hopkins estava tão dentro do seu personagem que mesmo quando estava falando com ela parecia estar mais focado nos sentimentos do John, que interpretava, do que no que ela dizia. Entendi ali o que disse o Moritz sobre ter que atuar sozinho. Hopkins estava lá defendendo seu personagem, fazendo seu trabalho. Ela que trabalhasse para salvar o seu. Jogo para gigantes. Hoje, recebi um email dele que dizia: "I enjoyed playing with little Maria - she is so talented and beautiful".

Apesar de contracenar com dois atores brilhantes, talvez a melhor cena da Maria Flor, no filme, seja um momento em que ela, sozinha, chora dentro de um banheiro de avião. Rodamos apenas dois ‘takes’ e nem teria sido preciso o segundo, se não quiséssemos trocar de lente, pois no primeiro, parte da equipe já disfarçava as lágrimas ao vê-la. Quando um maquinista é visto discretamente enxugando os olhos, significa que alguma coisa aconteceu no set. No dia seguinte o Peter (roteirista), que recebe o material filmado por email todos os dias, mandou uma mensagem cumprimentando-a. Para mim acrescentou: 'Esta garota vai virar uma estrela internacional'. É bem possível. Hoje, a Flor está em Los Angeles se reunindo com diferentes produtores já interessados em conhecê-la para seus projetos.

É questão de tempo, acredito. Pouco tempo.

Ponto para "little Maria". "
       
                                 http://blog360ofilme.blogspot.com


Muito sucesso para ela na carreira internacional e que o diretor Fernando Meirelles continue com seu belo trabalho.

Tenham uma ótima semana...
Abraços...

M.Barreto.

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