quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Relacionamentos na visão psiquiátrica e psicológica.




O FIM DE UM RELACIONAMENTO -




No trecho acima, a escritora Dóris Fleury descreve com muito humor a fossa homérica de quem levou um fora do namorado, amante, marido... O conto, chamado "Noturno em Lençol de Papel", está em seu site (www.escrevinhadora.com.br). Impossível ler e não se identificar com a cena do tipo dramalhão mexicano. Mente quem diz que nunca levou o famoso "pé na bunda", como a escritora define, um dos maiores problemas existenciais da humanidade!

Alguns, mais doloridos, outros, nem tanto, mas levar fora nunca é bom. Na verdade, o que diferencia a cacetada emocional é a reação de cada um. Fernanda Francisco, de 24 anos, deu um prazo de uma semana para curtir a dor de cotovelo. "Chorei muito, mas depois, bola pra frente", conta. "Esses primeiros sete dias são muito difíceis, nos sentimos um lixo, achamos que o mundo vai acabar, mas aí o baixo-astral - se bem administrado - vai embora e percebemos que tem muita gente legal ainda para aparecer."

O infortúnio de Fernanda começou com sua tão esperada viagem para estudar inglês no Canadá. Enquanto estava lá, feliz da vida com a oportunidade e cheia de saudades do namorado, ele se engraçava com uma outra. Na volta, as coisas estavam estranhas e ela descobriu mensagens românticas no celular dele. As brigas começaram e, sem dar uma explicação, um dia, o cara simplesmente desapareceu. A atitude fez Fernanda ter apenas uma certeza: a de que havia passado dois anos com uma pessoa que, na realidade, ela não conhecia.

Sobrou muita mágoa, mas, ao invés de se afogar num mar de tristeza, ela virou a mesa: passou a fazer piada da própria desgraça. Sentou no computador, enumerou as principais vantagens de estar solteira e mandou por e-mail para as amigas, com os seguintes itens: estar sempre linda... afinal... todos os minutos são oportunidades para encontrar um belezinha novo; poder sempre repetir aquela roupa que você mais gosta, porque as companhias serão diferentes; poder olhar para os caras que têm namoradas, etc.

Não contente, Fernanda, que trabalha como assessora de comunicação, repetiu a dose ao fazer um balanço das duas semanas solteira: zero olhadas no Orkut (comunidade de relacionamento na internet) para saber o que ele anda fazendo e com quem anda falando, cinco recaídas com vontade de ligar para o falecido, uma gargalhada sobre o assunto... "Tinha duas opções: ou ficava triste ou arrumava um jeito de ficar feliz", lembra. "Escolhi a segunda e, hoje, olho para trás e dou risada."

Dividendos

O golpe de um rompimento desventurado rendeu dividendos para a americana Mandana Hoveyda, redatora e ilustradora, que vive em Nova York. Após ser abandonada por seu amado numa mesa de um bar, ela exorcizou a fossa com o livro "Estou Ótima - Como Sobreviver aos 100 Primeiros Dias depois de Levar um Fora do Amor da sua Vida" (Editora Jaboticaba). Funciona como um guia para curar a dor de cotovelo ou, no máximo, rir da situação - o que já é alguma coisa.

Pequeno (para carregá-lo para cima e para baixo e sacá-lo nos momentos de desespero!), o livro é sucesso nos Estados Unidos. No Brasil, já está na segunda edição. Desenhos e dicas compõem o guia escrito num tom hilário e alto-astral. Impossível não se divertir com sugestões do tipo: pare de prestar atenção em letras de música, especialmente em canções de amor; tente música techno, que não tem letras; ligue para uma amiga em comum e diga o quanto você está bem, a notícia vai chegar até ele, não se preocupe.

Fim dos sonhos

Aos 19 anos, a universitária Aline Balarini perdeu o chão com o fim dramático do romance dos seus sonhos (pelo menos, parecia). Foi seu primeiro fora e ela sabe que não será o único. Para resumir a história, a garota não pôde acompanhar o namorado e a turma em uma viagem. Ficou tranqüila em deixá-lo livre, leve e solto, porque suas grandes amigas ficariam de olho nele. Uma delas cuidou até demais ... e tiveram um affair.

Após constatar a traição de ambos os lados, a estudante ainda tentou "salvar a relação". Entre idas e vindas, temperadas com briguinhas, ela recebeu o golpe final na festa de seu aniversário. "Ele simplesmente virou as costas, saiu e nunca mais apareceu", conta Aline. "Fiquei supermal, atrapalhou meu trabalho porque não tinha ânimo sequer para levantar da cama."

Sim. Foi difícil erguer a cabeça novamente. Mas um ano e meio depois, ela já está inteira, sozinha, curtindo amigos, baladas, paqueras... Ao avaliar o passado, conta que o que mais a machucou, no entanto, foi perder a amiga de infância - até hoje, sente mágoas dela. Aprendeu também a vivenciar uma relação amorosa de outra maneira. Hoje, valoriza mais a independência e não prioriza tanto o namorado. E não coloca mais ninguém em um pedestal.


Fora de namorado é uma das coisas mais doloridas da vida. A dor é proporcional à estabilidade no relacionamento. Segundo Ailton Amélio da Silva, professor do departamento de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em comportamento amoroso, essa dor é comparável à perda de um parente querido.

"Os homens sofrem mais que as mulheres; enquanto elas se apóiam uma nas outras, eles, por razões culturais, se fazem de durões", observa Silva, que acaba de lançar seu segundo livro, "Para Viver um Grande Amor" (Editora Gente). "Em meu consultório, costumo atender pessoas que se desestruturam completamente. Hoje tenho três homens e uma mulher com esse perfil. No fim de semana, deixo meu bip ligado e quem mais me chama são eles." Para fazê-los sair do fundo do poço, o professor aplica "técnicas de desapaixonamento".

O triatleta e comerciante carioca Daniel Gaspary, de 24 anos, comprova a teoria. Seguro de si mesmo - afinal, era ele quem dava sempre as cartas do jogo -, nunca imaginou que pudesse levar um chute. "Emagreci, não comia, deixei de treinar, não queria saber dos amigos, nem de sair de casa e chorei muito sim" recorda. "Foram três meses difíceis, até que um amigo conseguiu me resgatar desse limbo. Ser trocado dói ainda mais para um homem, porque toca o ego profundamente."

Lições

Uma coisa é certa: ninguém aprende uma bela lição quando está bem. Daniel teve vários insights. "Não diria que esse meu namoro foi um dos melhores, mas o que mais me ensinou", avalia. "Tentava dar uma de esperto, era muito egoísta, pensava mais em mim, sempre era eu quem dava o fora nas namoradas. Hoje, me ponho no lugar delas, porque sofrer por amor é um inferno."

Amar e sofrer de amor. Esse é o jogo. E a comerciante Sandra Carvalho, de 40 anos, conhece bem as regras - ou a falta delas. Bonitona, solteira, independente, ela já passou por vários relacionamentos. Três deles foram sérios - dois casamentos e um "quase". Na maioria, levou tombo. Calejada, hoje ela sofre, mas não permite que sua vida desmorone por causa de homem.

"Vi que as pessoas não sabem se relacionar por pura falta de autoconhecimento. Por isso, sempre haverá um motivo para se separarem ao primeiro sinal de dificuldade", avalia. "Não percebem que os problemas vêm à tona para que as relações cresçam." Claro que é impossível permanecer indiferente ao turbilhão emocional que surge nesses momentos difíceis, como raiva, baixa auto-estima, etc. Mas o tempo é sábio e mostra que, como prega Sandra: se a dor é inevitável, sucumbir a ela, não. Não mesmo.

Tratamento antifora

Siga algumas dicas do especialista em comportamento amoroso Ailton Amélio da Silva para sobreviver à catástrofe amorosa. É o que ele chama de técnicas de "desapaixonamento":

- Não engate outro relacionamento logo após o fora. Nesse momento de fragilidade e desequilíbro, a probabilidade de dar tudo errado e levar outro chute é gigantesca.

- Resgate a sua auto-estima: tente cessar aquela voz interna que diz que você é um lixo, que fez tudo errado, que faz você se sentir a última das moicanas... Escreva em pedaços de papel as suas qualidades e espalhe pela casa, fixe na porta da geladeira, em todos os espelhos.

- Como levar um pé desestrutura a rotina, busque outras atividades e procure fazer novas amizades.


Fontes: http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/17738

http://www.psicologiadigital.com/2009/09/13/a-psicologia-dos-relacionamentos-na-internet/


E agora o nosso videozinho da semana: "O dilema do amor possessivo"




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